Um pescador mergulhou em si mesmo:
Foi buscar no leito misterioso do oceano
Uma pérola para sua vida, mas não a esmo,
Pois seu coração é bravo, ainda que insano.
Não levou arpão, não levou nem rede;
Não pensava em comida e não tinha sede.
Pois a pérola lhe ia mudar inteiro o nome,
Que era Ira, mas que com a Alegria agora some.
Lama levantou, e a foi caçar lá no fundo;
Procura mais árdua e intensa não há no mundo.
Mais a ninfa, a nereida, brilhou acima de si:
“Vem, triste pescador, vem a sorrir aqui!!”
Entre soluços e borbulhas, à deriva naquele sorriso,
Trêmulo, mas nadando, se aproximou de improviso.
Ouviu atento: “As pérolas são sorrisos a brilhar
No coração do meu mundo, no coração do teu Mar”!