Sonho dentro de um sonho?


Após assistir ao filme A Origem, do diretor de Amnesia e Insomnia, Crystopher Nolan, protagonizado pelo hollywoodiano Leonardo Di Caprio, muitas questões filosóficas e existenciais começaram a pulular em minha mente. Seríamos todos partes do “sonho” de Deus? Afinal, Deus “acordado” seria eterno. Para que partes da essência eterna de Deus pudessem se manifestar em estado diferente, Deus (o Todo não-personificado) teria de “dormir” também.

Essa e outras ideias minhas não podem, ainda, ser objetivadas aqui. Elas estão em latência, sendo gestadas na minha mente. Mas, fiz questão de vir postar aqui uma poesia do célebre escritor Edgar Allan Poe (quem leu Histórias Extraordinárias e se encantou pelos habitantes de Liliput, sabe de quem estou falando). A poesia apresento aqui na versão original, em inglês, em primeiro plano. Em seguida, dei-me ao trabalho de adaptá-la livremente para o português.

A Dream Within A Dream
(Edgar Allan Poe)


Take this kiss upon the brow!
And, in parting from you now,
Thus much let me avow –
You are not wrong, who deem
That my days have been a dream;
Yet if hope has flown away
In a night, or in a day,
In a vision, or in none,
Is it therefore the less gone?
All that we see or seem
Is but a dream within a dream.

I stand amid the roar
Of a surf-tormented shore,
And I hold within my hand
Grains of the golden sand –
How few! yet how they creep
Through my fingers to the deep,
While I weep- while I weep!
O God! can I not grasp
Them with a tighter clasp?
O God! can I not save
One from the pitiless wave?
Is all that we see or seem
But a dream within a dream?

Um Sonho Dentro De Um Sonho

Receba este beijo sobre a testa!
E, te deixando a partir de agora,
Então, deixe-me te contar:
Você não está errado, você que considera
Que meus dias foram um sonho;
Mesmo que a Esperança tenha sumido
Em uma noite, ou em um dia,
Numa visão ou em nada mais,
É, portanto, o que menos se perdeu?
Tudo o que vemos ou transparecemos
É nada além de um sonho dentro de um sonho.

Permaneço no meio do rugido
De uma onda agitada a “quebrar”,
E seguro dentro de minha mão
Grãos da areia dourada –
Quão poucos!! Ainda, enquanto eles escorrem
Por entre meus dedos, lá para o fundo [da água],
Como eu lamento, como eu lamento!!
Ó, Deus! Não posso agarrá-los
Com um cinto apertado?
Ó, Deus! Não posso guardar nenhum deles
Da onda impiedosa [do Tempo]???
Tudo que vemos ou transparecemos,
Não é mais que um sonho dentro de um sonho??

Por Júlio [Ebrael]

Blogger, amateur writter, father of one. Originally Catholic, always Gnostic. Upwards to the Light, yet unclean. // Port.: Blogueiro, poeta amador, pai. Católico, casado. A caminho da Luz, mas sujo de lama.

8 comentários

  1. Excelente, Ebrael!

    Também acabo de assistir este filme (não pude ir quando no cinema) e, curiosamente, o mesmo também só me fez aguçar algumas questões! Que coisa mais engraçada, não? Rsrsrsrsrs. Tuas colocações, casadas á poesia são “tudo de bom”; o que aliás, só me reforça a tese atualmente crescente da “Hipótese Simulativa”… Extrapolando ‘um pouco’.. Que tal não pensarmos em termos de “um deus” (o que é paradoxal em termos lógico-filosóficos) mas sim numa multiplicidade deles, uns dentro dos outros? E onde estaríamos nós, neste cenário por demais sinistro!? (o qual fizestes bem representado pela música escolhida).. E a resposta seria algo assim: dentro do sonho, do sonho, do sonho… Hahahahaha.. A cada dia que passa e a “nossa” consciência (me referindo ao SER e não somente ao Aspecto – que são nossas personalidades) se torna certamente mais e mais absurda.

    Aquele Abraço!!!
    LJ.

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    1. Bom dia, Leonardo!

      Sim, meu amigo! Coloquei Deus, mas como o Todo não-personicado, a Existência Negativa e Eterna, justamente o Estado oposto ao nosso, o reflexo verdadeiro do qual somos (e todo o Universo manifestado o é também) apenas pálido simulacro. Sim, deuses, vários deles, assim como corresponde um deus a cada elemento do sonho, a cada corpo grosseiro e sutil do ser humano, como um para cada hierarquia “onírica”…

      Onde estaríamos nós? Pense nas bactérias da flora intestinal: elas sabem a quem são subordinadas – as partes do intestino, ao Intestino inteiro (seu Universo), as forças que as regem (sangues, fluidos, etc.), mas apenas intuem quem as comanda e alimenta (o cérebro, a mente, a individualidade daquele que as sustenta, nosso EU). Estamos para o Eterno como as bactérias de vida efêmera estão para nós, seus deuses…

      Sendo deuses de bactérias e células, estando nós (deuses) vivendo em conexão e comunidade, podemos imaginar vários Multiversos, em dos quais vivemos, até que, abstraindo, chegamos ao Estado Eterno (inimaginável, pois destituído de mudanças).

      Simples assim, kkkkkkkkk.

      Abçs!

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  2. Ebrael, ontem tentei deixar um comentario, minha internet está pessima…

    Eu vi este filme A Origem no domingo! Super complexo, muito interessante. Além de que fiquei pensando se L.Caprio não estaria vivendo um sonho e fosse uma mentira. Acho que valeria assistir novamente, acredito que vou captar outras coisas que deixei escapar.

    Beijos e FELIZ NATAL

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