É essa a conclusão a que cheguei recentemente, embora seja um pouco tardia. Nelson Rodrigues bem dizia que “toda unanimidade é burra; quem pensa com a unanimidade não precisa pensar”. Eu complementaria dizendo que a unanimidade é perigosa, e que melhor seria não arriscar-se a emitir uma opinião que concorde com a unanimidade. A quase-unanimidade de que falarei hoje é o Facebook.
Vamos pular a parte que fala sobre a história do Facebook e seu fundador, sua trajetória, etc. Me cansa demais isso tudo. Vamos direto ao ponto…
O Facebook, segundo algumas fontes mais ou menos confiáveis, chegou ao patamar de 1 bilhão de perfis ativos em sua plataforma, há algumas semanas atrás. Não sei se esse número inclui páginas ou somente os perfis pessoais. Isso significa que 1 em cada 7 habitantes do planeta tem alguns de seus dados pessoais sob os “cuidados” do pessoal do Zuckerberg (incluindo endereços de e-mails, fotos, confissões, mensagens particulares, localização geográfica e permissões para conexão automática com contas externas, com concessão de senhas). Essa proporção de 1/7 da população mundial sobe para 1/5 da população com algum tipo de acesso à internet, já que dois bilhões de pessoas ainda não mantém atividades frequentes na web.
Os benefícios e facilidades que a plataforma do Facebook nos oferece são inegáveis, desde a comodidade de encontrar quase todas as pessoas conhecidas e estar em contato direto com elas, sejam próximas ou estejam distantes, até a faculdade de compartilhar conteúdo de praticamente qualquer página na internet (fotos, arquivos, vídeos, etc.).
Mas, ao meu ver, os pontos que desabonam atualmente o Facebook (que me deixam muito desconfiado) são mais numerosos que os pontos favoráveis:
- As pessoas, para que não tenham de logar em cada um dos sites e redes sociais menores individualmente, vinculam suas contas nesses sites ao seu perfil no Facebook. Isso facilita os acessos, o compartilhamento de informações e sua autenticação, mas também expõe o usuário à concentração de suas atividades e informações pessoais nas “garras” do Facebook.
- Além dos serviços do Google e Twitter, o Facebook também monitora a localização do usuário a cada vez que ele se conecta, a pretexto de reconhecer se foi mesmo o usuário que se logou naquela conta. Então, eles sabem onde te encontrar, pois controlam de que dispositivos você se loga ao sistema, seja por telefone ou tablets (via GPS) ou por computador e notebooks (localização via IP). Isso não te dá medo? Você acredita mesmo que quem não deve, não deva temer (perseguição)??
- O Facebook alega proteger os usuários de conteúdos “impróprios” (como pornografia, pedofilia, mensagens racistas ou discriminatórias, propaganda terrorista, etc.). Mas quem define os critérios para que o sistema “filtre” esses conteúdos? Eu, você, ou os governos? Se a Dilma determinar que uma opinião contrária (apenas isso) ao homossexualismo é crime, vou ser preso ou banido por expor minha opinião? Será que eles não aplicam os mesmos critérios a categorias diferentes de nudez (artístico em oposição ao pornográfico)?? O Facebook pretende estar acima dos governos nacionais, e por isso alguns desses governos já andam tentando “cortar as asinhas” do Onipotente Facebook!
O Avanço das hordas Facebookianas
Algumas redes sociais são, de acordo com as preferências de cada usuário, alternativas ao Facebook. Poderíamos fazer check-in no Foursquare, por exemplo. Ou então, divulgar nossas fotos no Flickr, Twitter ou Instagram (este último foi comprado pelo Facebook). Mas todos eles vinculam a geolocalização das fotos, junto com essas, ao Feed de Atividades do Facebook, caso o usuário prefira. Como as pessoas são levadas pela “praticidade” de não ter que postar suas atividades em cada uma das redes, ao vincular suas contas ao Facebook, elas acabam caindo nos tentáculos dos empregados do Zuckerberg.
O Facebook deveria servir apenas para compartilhar conteúdo útil para a coletividade, e não expor detalhes pessoais das vidas de cada um, publicar futilidades ou servir como palanque de “Fama por Cinco Minutos”. Logo, em breve, praticamente todas os perfis vão se concentrar nas mãos do Google e Facebook, por via direta ou indireta. A exigência de informações será cada vez mais invasiva e desproporcional e teremos uma rede de vigilância quase autocrática e superpoderosa. Lembremos que estamos aguardando a inauguração do supercomputador quântico de monitoramento global, a ser implantado a partir de servidores na Califórnia (onde ficam as sedes do Google e Facebook). Recomendo que leiam isso aqui também!
Os bloqueios arbitrários e totalitários do Facebook
O Facebook, a pretexto de evitar que pessoas sejam incomodadas por pedidos de amizade inoportunos, estabeleceu filtros que nos dizem a quem podemos enviar pedidos de amizade. Eles dizem, como em peles de cordeiro ou metidos em togas de juízes, que devemos enviar pedidos de amizade APENAS a pessoas que conhecemos, como familiares, amigos e colegas de trabalho ou escola. Mas vocês não acham esses critérios um pouco “estranhos”??
O Facebook nos faz sugestões de pessoas que não conhecemos e nos afirma que as pessoas que dizemos conhecer não são conhecidas por nós. Eles determinam, agora, quem conhecemos! Eles nos dizem com quem nos devemos relacionar. Pensava que o Facebook serviria para fazer amizades. Mas, como vou fazer amizade com quem já conheço, ou de quem já sou amigo ou íntimo? O coerente não seria fazermos novas amizades?? Agora, somos crianças que precisam de tutores virtuais que nos determinem, de forma absolutamente arbitrária e FALHA, com quem vamos nos comunicar! Pode isso?
Há 12 dias atrás, fui punido (!!) pelo Facebook com um bloqueio de envio de pedidos de amizade, por um período de 30 dias, por ter enviado um pedido a uma colega minha de trabalho. Eu e ela temos amigos em comum (vários), temos a mesma tag de local de trabalho no perfil (Prefeitura Municipal de BIguaçu) e o Facebook não quis conversa! Disse na minha tela que eu não a conhecia e que receberia o mesmo bloqueio pela terceira vez, agora por 30 dias.
Como o sistema pode determinar que aquela pessoa que convidei não quer aceitar meu pedido, se ele não permite que o convite seja enviado? Como eles se acham no direito de prever que alguém não quer aceitar meu pedido de amizade? Como eles podem garantir que aquela pessoa simplesmente não me achou, ou que ainda não nos conectamos por algum outro motivo? Eles tiram o direito de as pessoas se comunicarem, de escolher aceitar ou rejeitar um pedido ou convite. Para isso, as pessoas tem as configurações de privacidade, onde podemos determinar se vamos receber convites ou não, e de que grupo (qualquer um ou amigos de amigos). Se cometem essas arbitrariedades com um bilhão de usuários (leia-se: tutelados) sob sua vigilância, o que não farão quando controlarem a metade dos usuários, ou a totalidade, com outros serviços todos vinculados?? Sim, se você prevê, como eu, uma ditadura global, você está na pista certa!
Mandei mensagem para o canal de suporte deles (um link quase imperceptível ao usuário leigo), reclamando dos critérios deles, já que eles me sugerem amizade com pessoas que não conheço, algo totalmente contraditório. E eles? Eles me responderam? Ha-ha-ha. 😦
Desisti de esperar! Eles não têm qualquer respeito pela autonomia do usuário, apenas oferecem facilidades para continuar em sua sanha de controlar os dados de todos na internet. E não muito longe disso…
Alternativa à Ditadura Facebookiana
A política de privacidade e segurança de dados deve consultar e ser votada, implantada e fiscalizada por representantes de usuários do mundo inteiro (comunidades acadêmicas, populares, juristas, especialistas em Segurança da Informação, auditores independentes, etc.). Não podemos deixar uma empresa que se arvora a cuidar dos perfis e dados de parte do mundo determinar, sozinha, os critérios de relações entre usuários na internet.
Ou, então, se não nos ouvirem por bem, podemos chamar o Batman – ícone daqueles vingadores que agem nas sombras e causam muitos estragos, mesmo contra as leis vigentes. E aí, hackers, será que vocês poderiam derrubar o Facebook? Se tiver alguém aí que queira colocar algumas bombas nos servidores dos caras, também pode ser uma boa ideia!
Protesto
Como forma de protesto (embora seja uma gota no meio do oceano), estou retirando o botão “Curtir” (Like) dos dos posts do blog. Logo, vou ponderar por desativar a página do blog no Facebook, bem como desvincular meus serviços e contas externas da rede ditatorial do Zuckerberg. Por fim, se eu continuar descontente, desativar DEFINITIVAMENTE meu perfil nesta rede.
Se os abusos que ocorrem no Facebook começarem a acontecer em outras redes, vou desativar uma a uma, sem dó. Adicionalmente, vou procurar fazer uma consulta jurídica com algum advogado sobre a validade de alguns itens da Política de Privacidade e Regras de Comunidade do Facebook consoante as Leis Constitucionais de nosso país. Afinal, o território do perfil pessoal de um brasileiro é o território do perfil de um CIDADÃO brasileiro. O que determina se esse território deve respeitar as leis de determinado país é a geolocalização do usuário, ou estou errado?
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