Como se dá o processo de alienação e deformação da personalidade psicopática? Como poderíamos descrever cada um de seus estágios, se nos fosse possível?
Opinando sobre os estupradores e a caminhada de alguns deles dentro da Psicopatia, disse eu em resposta a uma postagem no Facebook:
Eles já sentem prazer na própria culpa, ultrapassaram todos as camadas de censura e a sua própria psicopatia. Para a evolução dessa desordem mental, traço uma linha com os seguintes elementos:
- Discernimento: equilíbrio entre desejos instintivos e censura racional;
- Confusão: desequilíbrio entre desejos e censura, culminando, num crescendo traumático;
- Alienação: concessão feita a um dos lados em conflito, tendo em vista a manutenção da Consciência (um dos lados é privilegiado e a esse são dadas prerrogativas mais e mais excepcionais);
- Culpa: o resultado da concessão, a saber, a fruição da mesma por um lado da personalidade, é acusada pela contra-parte em desvantagem, em uma tentativa inconsciente de construir-se um equilíbrio temporário de forças;
- Transferência e justificação: o furor da vitória pela obtenção violenta de um prazer (enquanto obtida por uma desordem) faz com que a negociação com a Razão crie motivos fictícios, visando a perpetuação do vício, não como aceitável, mas sumamente necessário;
- Neo-discernimento (superdiscernimento) do alter-ego: quando a Razão já não influencia na prática de obtenção do prazer por meio violento, quando o mecanismo de culpa e auto-acusação já são inúteis, o Coração, que tende ao bom, belo e justo, se petrifica em uma nova filosofia pessoal, uma doutrina sobre a qual a mente fria depositará sua crença mais profunda e na qual buscará suas mais tenras inspirações.
A violência é uma das mais poderosas armas de guerra nos reinos da Natureza. Ela pulveriza construções mentais benéficas, que levam tempo para se cristalizarem no Ser, como se fossem poeira nos vidros quando lavados. E, também, é a mais eficaz ferramenta de transformação/deformação de personalidades que existe. Uma personalidade destruída moralmente por meio de um trauma violento jamais voltará a ser a mesma, seja ela a de um estuprador, seja a de uma vítima do estupro.