Eu tenho evitado, ao máximo que posso, as postagens sobre Política, principalmente a brasileira. Bem diria Rui Barbosa: “Política brasileira não, Politicalha brasileira!”. Tenho plena consciência de que essa arte, a Política — que deveria ser a mais nobre de todas enquanto exercício da defesa dos interesses da Nação — virou ofício de rapinagem institucional e canastrice circense. Porém, não devemos nos abster por demais da Política, assim como das doenças e dos deveres, para que não percamos de vez o contato com a realidade, a única que temos, ainda que mórbida.
Listar o que faz este país se envergonhar já era tarefa complicada, dada a extensão da imoralidade, proliferada em todas as áreas da vida nacional. Ultimamente, eu sugeriria até a criação de revistas de palavras cruzadas para aproveitar a vasta safra de escândalos que sabemos vir à tona. A imoralidade, mais do que simples afronta a costumes religiosos, é indício daquela doença coletiva durante a qual some a consciência de ética, dever e limites, marcas de qualquer sociedade saudável. A essa doença eu chamaria de “ausência de vergonha na cara”.
Boa parcela dos brasileiros considera como avanço a obtenção de alguns míseros reais como subvenção (já corroídos pela inflação). Iludem-se com o status de classe média enquanto seus filhos saem do ensino médio escrevendo como semi-analfabetos e sem conseguir compor um simples texto sequer. Somos inspiração para piadas pelo mundo afora, pois esse Zé Povinho, que diz ter “orgulho” do Brasil, é o mesmo que defende um governo manifestamente larápio, não importando quão cristalinas sejam as provas de corrupção. Perderam completamente a vergonha de serem cúmplices da corrupção, e confraternizam na festança de seus Macunaímas deprimentes.
Quando, enfim, chegaremos ao fundo do poço? Pergunto-me isso sem saber se a burrice dessa ralé é de origem genética ou se é fruto de contágio social. Sim, ralé, sim, com escassos sinais de consciência moral, sem projeto de Nação ou perspectivas de futuro. E isso é flagrante quando nos damos conta de que não sabemos o que fazer ainda com tantas desgraças nacionais ao mesmo tempo: gigantescos funis de verbas, tráfico de drogas, avanço de guerrilhas urbanas.
Enquanto privilegiarmos a liberdade sem responsabilidade, querermos receber sem dar nada em troca, atribuirmos a culpa de tudo a terceiros, bem como entregarmos o que temos para que outros administrem, sempre, sempre seremos escravos do Destino, mendigando as migalhas do que sobra das mesas dos mais espertos, inteligentes e bem-sucedidos.
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Nessa semana, haverá uma grande manifestação de repúdio ao governo de Dilma Rousseff, no dia 15 de março, em cerca de 200 cidades brasileiras e do exterior. Eu, sinceramente, respeito desde as mais simples funções até os cargos de maior responsabilidade da Nação. Porém, eu entendo que, donos dos mandatos eletivos deste país, devemos reagir radicalmente a todas as tentativas que fazem de nos calar, ridicularizar, enganar e manipular.
Erros e prejuízos na administração do país devem ser imputados aos seus responsáveis legais. Se preciso for arrancar a presidente de Brasília à base de gritos, devemos assim fazer sem hesitações.
Mas, além disso, deve haver um grande trabalho de resgate de nossa história para que saibamos de quem são as mãos que manipulam nossa Política, patrocinam o tráfico de drogas, assaltam nossas reservas naturais, etc. Sabendo quais são seus interesses, poderemos intuir as melhores formas de exterminá-los da face da Terra.
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A luta pela glória política é algo normal no cenário social masculino das nações. Os grupos disputam entre si pela supremacia visando provar que seu modelo de país é melhor que os modelos dos demais. No entanto, a linha que separa a disputa pelo melhor modelo em mera guerra entre grupos pelo poder é tênue. Muito mais tênue é a diferença entre os atos de austeridade necessários para os ajustes de um país e os crimes de responsabilidade.
Sendo assim, quando sucumbem as noções de moral política (que norteiam as ações pela glória de uma nação e de seu povo) diante do vale-tudo pelo poder e riqueza, todas as desgraças possíveis se vislumbram abaterem-se sobre os mais carentes, justamente aqueles que deveriam ser amparados e conduzidos ao processo de fortalecimento da nação.
Vemos uma corrente de pensamento de Esquerda (PT e PC do B, principalmente), centralizadora, fanática, com quadros políticos ineptos e ridículos, sendo falsamente “combatida” por outra que deveria concentrar as forças de oposição (PSDB e PMDB, em sua maior parcela), mas que enfraquece e abafa a voz da população. Temos então uma falsidade institucional: uma mordaça imposta por chantagens (dos que dizem que impeachment é golpismo) e incompetência e, por outra parte, aceita como “democrática”, pois desejam que a facção “gafanhoteira” (destruidora) do Brasil continue no Poder.
Caindo Dilma por impeachment, fora as agitações (inclusive, o risco de guerra civil) decorrentes disso, assumiria Michel Temer (PMDB), um M.’. M.’. de grau 33. Teríamos o reinado do partido que se prostituiu à Besta Barbuda e à gangue da Anta de Faixa. O que deveria ser feito, na minha opinião?
O caso da Petrobrás, por exemplo, poderia nos dar algumas dicas. Partidos não podem ter contas no exterior, sendo, oficialmente, organizações sem fins lucrativos. Só isso, tendo em vista o gigantesco volume de dinheiro público desviado advindo atividades de corrupção, poderia ser motivos para banir os partidos envolvidos (PT, PMDB e PP). Sim, essa é a minha visão e ela é embasada pelas leis: não apenas banir tais partidos, mas suas ideias da vida política e educacional do país, a serem execradas eternamente.
17:35
JÁ ESTAMOS NO FUNDO DO POÇO. DELE SAIREMOS SOMENTE QUANDO A CULTURA DA NAÇÃO NÃO TIVER MAIS COMO BASE DE SEUS VALORES A MATÉRIA. AÍ, SIM, VIVEREMOS COM LÓGICA, PORQUE A VIDA PASSARÁ A SER O VALOR MAIS ALTO E TUDO FUNCIONARÁ EM TORNO DELE E, NÃO, DA MATÉRIA. PARABÉNS, JÚLIO! EXCELENTE TEXTO! ABRAÇOS FRATERNOS!
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