Uma das grandes fontes de frustração humana é a mania que temos todos de querer controlar o resultado de tudo o que acontece. Quando constatamos que isso se torna, dia após dia, algo inviável, nos decepcionamos e nos deixamos abater. Não importa se o que nos sucede é favorável ou não: precisamos saber que não estamos no controle de tudo.
Absorvemos conteúdos demais que não sabemos usar, sempre pretendemos prever o que vai acontecer. Prevemos tudo, acertamos muito pouco. Quando tudo nos foge à previsão, é como se “a mulher do tempo” tivesse errado a previsão do clima e nos sentíssemos envergonhados. Ficamos sem a chuva esperada, em meio ao Sol inclemente. Perdemos, por algum tempo, o que chamamos de Fé.
Porém, Aquele que me conduz jamais me deixou à deriva. Estivesse Ele em mim, fosse uma projeção de minha Mente ou um Sagrado Anjo Guardião, tal Ser jamais deixou de me guiar. Então, por que eu me deixava abater? Acaso, seria devido à vergonha por não ter conseguido resolver sozinho o que eu pensava ter sido estragado por mim?
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Na madrugada do segundo sábado do último mês de junho, passava eu por uma grande prova de Fé. Já havia levantado os olhos aos Céus, buscando saber de onde viria o meu Socorro. Prostrei-me, testa ao cimento, posição fetal. Quando dei-me por mim, havia cochilado e já avançava as três da manhã. Alguém me acordava. No aplicativo Messenger, uma moça conhecida, chamada V. G., dizia apenas que Deus disse algo no coração dela para que me fosse dito, quanto aos meus problemas: “Deus trabalha no Silêncio”. Simultaneamente, uma música começou a tocar em reprodução aleatória: No Silêncio, de Rose Nascimento.
Era o sinal. Muitos céticos poderão insinuar que me agarrei a uma falsa esperança, a única, ou que minha Mente poderia ter induzido a experiência. Todos os detalhes do que aconteceu apontavam numa direção: Deus. Pedi que Ele confirmasse que aquele sinal provinha d’Ele, e não do Inimigo. Das quatro horas da manhã em diante, adormeci na mesma posição fetal. Acordei, trovejava muito. Não ousei sair daquela posição. Pouco depois, o alarme diário, que eu havia esquecido de desativar, tocou às 07:45. Levanto os olhos e a primeira coisa que vi foi um arco-íris. A chuva ainda caía, quando o Sol vinha de encontro à tormenta. Era um claro sinal de que o Socorro vem sobre todos os que se inclinam a Ele, e com estes uma aliança é feita.
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Passados quatro meses, neste que é o de meu aniversário, sofri uma grande perda. Em meio ao “velório” do sonho de uma Vida inteira, uma amiga querida, S. W., tenta me levantar o ânimo. Eu já mal abria os olhos, de tanto que havia chorado. Simplesmente, pedi: Mikhael, me dê um sinal e me mostre o que devo fazer.
Fechei o Whatsapp e fui dormir, sem visualizar as mensagens que ela teria me deixado. Dormi com a lâmpada de meu quarto acesa, desta vez. Acordei cerca de uma hora e meia depois, com o som de notificação tocando no celular, que estava ao meu lado. Eu devia acordar e ver o sinal. Na mensagem, S. W. evocava os símbolos contidos na cena mais tocante de Coração Valente.
Havia, ainda, um áudio na mensagem, com duração de pouco mais de sete minutos. Para minha surpresa, era uma música. Era a música que eu mais tinha ouvido alguém cantar em momentos de crise. Aquieta minh’ Alma, faz meu Coração ouvir Tua Voz — é o que dizem os dois primeiros versos. O refrão era uma tapa na minha cara. Tudo vai se cumprir, não por minhas mãos, mas pela virtude do Único em que eu posso descansar. Ele está ao meu lado, tudo vai ficar bem!
Que Ele me leve para os lugares onde eu preciso estar, aonde Ele me guiar! O Inimigo não prevalecerá contra o braço forte do meu Senhor. E, a ti (você, mesmo), digo que eu, também, quero apenas o que Ele quiser. Fique em paz, todos nós sobreviveremos. 🙂
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