Isso não nos é contado pelos evangelistas politicamente corretos dos tempos de Chessus. Porém, eu vou lhes revelar a parábola, contada pelo Mestre, para ilustrar o desastre inenarrável que seria o país das bananas de exportação (vulgo, Brasil). Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Chessus nos garantiu que não há nada de oculto que não venha a ser revelado.
Estava Chessus dando uma relaxada no alto do Monte Tabom-Dimaiz-Sô, quando resolveu ele descer para um dos piers do Mar da Galineia. Encontrou lá seus doze depóstolos (Chudas ainda não havia feito sua delação premiada). Estavam eles cabisbaixos pelo fardo pesado carregado pelo povo carente e pelos aposentados galineus, trolados pelos chudeus. Pagava-se muito em impostos. Todos os anos, a Receita Federal romana passava o pente fino nos israelitas. Cada alma viva adulta tinha que pagar um denário por ocupar lugar no espaço.
Lamentando-se a Chessus, indagaram:
— Mestre, a Palestina terá futuro? Até quando teremos que pagar para respirar? Não demora muito e nossos filhos estarão comendo cardos com os cabritos nas colinas da Galineia.
Chessus permaneceu introspectivo por alguns momentos. Agachou-se à beira da orla, escreveu o nome de um animal estranho (molusco) na areia com um graveto e, por fim, arrependeu-se, balançou a cabeça e apagou aquele nome ridículo de quatro letras (que não era Amor). Levantou-se, tomou um ar, encheu-se de paciência e começou a ensinar:
— De boa, vocês estão reclamando de barriga cheia. Esse é apenas um aperitivo, o começo das dores de parto normal. Nada de cesárea, nem anestesia! Virão tempos em que não se pagará apenas um dia de trabalho por ano ao Fisco, mas cinco meses! (Não se esqueçam que as pessoas terão que dar conta do carnê do dízimo do Sinhô e assumir os empréstimos de cunhados).
Continuando:
— Haverá, sim, um país ao qual chamarão de Terra da Promissão, ou País do Futuro. O problema é que esse país nunca deixará de ser do futuro. Vaga na creche para que as mães trabalhem (mais)? Semana que vem. Consulta médica? Mês que vem. Vaga de emprego? Passa no início do Verão. Seu exame de ressonância magnética? Nem Deus sabe, meu filho. Nessa terra, tudo dá. Dá catapora, febre de todas as cores, feriados a la carte. Só não dá nada certo. De bom, mesmo, me lembro da cachaça.
Eles, boquiabertos e meio confusos, responderam:
— Rabi, essas coisas das quais nos falas são muito duras e estranhas ao nosso entendimento. Ressonância magnética, cachaça, bananas? O que é feriado? Contai-nos uma parábola sobre este reino-onde-tudo-dá para que entendamos vosso ensinamento.
Chessus, entre mastigar um capim, bufar de tédio e continuar ensinando, escolheu continuar… ensinando. Desta vez, ele sentou-se na grama e pegou mais um galhinho de capim. Contou-lhes, então, uma parábola:
— O Reino-Que-Já-Deu-O-Que-Tinha-Que-Dar será como uma grande hospedaria, semelhante aquelas diante de cuja porta se acende uma lâmpada vermelha, ao cair da noite. Entrará e sairá quem quiser, tendo, a hospedaria, uma velha cega como administradora. Ela pretenderá cuidar de 27 netos adotivos, que trabalharão na roça de bananas (aquelas frutas que fazem crescer, inclusive a barriga). Tais crianças terão sido roubadas de seu Pai, o Pedrinho, filho do Pedrão-Comedor-de-Sobrecoxa-de-Frango, tendo aquele sido expulso pela velha, que vestirá botas e será alguma coisa como uma republicana.
A velha não enxergará mais a esqueci-que-tenho-só pra-mijar por tanto comer. Tornar-se-á inchada por tanto explorar seus netos. Quando seus netos reclamarem da opressão, a velha avó cega passará a reter o dinheiro deles, dizendo que é para o futuro. O futuro passará e a velha demonstrará não saber aplicar a bufunfa dos meninos. Comprará carne gorda, para ela, e ruim, para eles. Quando for picar a carne, o cutelo não saberá se decepa a mão da velha ou se ceifa o pé de algum daqueles mortos-de-fome.
Os meninos organizarão motins domésticos. Farão greve na roça. A velha os ameaçará, dizendo que, se não trabalharem, não terão nem mesmo joelhos de frango para roerem. Certo dia, a velha avó, dormindo em leito esplêndido, explodirá de tanto represar gases. Para os vizinhos, dará querosene de graça; para os netos, que a sustentarão, dará fósforos molhados. Com a velha doente e os meninos subnutridos, a hospedaria não acenderá mais a lâmpada vermelha. Tornar-se-á um zoológico. Nele, empalhados, uma avestruz omnívora sobre a cama e um time de futebol, formado por hienas retardadas, viciadas em carniça e preguiçosas, acostumadas ao que há de pior na História da Criação mal criada.
Depois de contar essas coisas, Chessus se encheu daquele papo e perguntou onde estava a Maria Mortadela. Ou melhor, Madalena (porque Chessus também pode comer Sadia).
“Todos os sistemas comunistas do Ocidente são, de fato, derivados do pensamento teológico cristão… O Cristianismo é a avó do Bolchevismo.” – Oswald Spengler (1880 – 1936)
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Sim, mas também do Capitalismo protestante. Capitalismo e Socialismo perfazem uma dupla dinâmica muito eficiente no expediente de nos fazer parecer como idiotas.
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