Há uma coisa que os que nasceram depois de nós, dez ou vinte anos, não compreendem, e que costumam chamar de velhice, de caretice ou pessimismo. Cheguei a essa ‘coisa’ faz tempo, e resumo esse estado em uma frase: ‘Já vi esse filme antes’.
Para eles, a brincadeira é nova. Para outros, como eu e você, talvez a ‘brincadeira’ não tenha mais graça. Isso não significa que nos recusemos a brincar, mas é que o tédio exala das impressões que nos chegam, de todos os cantos, telas e rostos idiotas. São todos idiotas? Não, certamente. No entanto, as pessoas vivem como se fossem brincar de casinha até morrer.
Será esse o fruto de nossas frustrações? Será apenas o vislumbre a partir de um olhar viciado? Não é frustração, não apenas isso, nem tampouco tristeza. É experiência, é anestesia, trauma recorrente. É isso: o tédio e o trauma se resumem nisso, mesmo. Repetição, insistência na cinefilia da Vida fútil.
Como alguém que já foi viciado em viver de nuvens, em rir sem parar, em amar imoderadamente, vejo a sociedade humana atual como um grande mercado de ilusões. Quem sabe, não seja por isso — pelo tédio —- que os parques de diversões pareçam, atualmente, tão estúpidos, não raro mórbidos.
(Texto publicado, originalmente, no perfil do Facebook de Ebrael.)