Brincadeira sem graça


Há uma coisa que os que nasceram depois de nós, dez ou vinte anos, não compreendem, e que costumam chamar de velhice, de caretice ou pessimismo. Cheguei a essa ‘coisa’ faz tempo, e resumo esse estado em uma frase: ‘Já vi esse filme antes’.

Para eles, a brincadeira é nova. Para outros, como eu e você, talvez a ‘brincadeira’ não tenha mais graça. Isso não significa que nos recusemos a brincar, mas é que o tédio exala das impressões que nos chegam, de todos os cantos, telas e rostos idiotas. São todos idiotas? Não, certamente. No entanto, as pessoas vivem como se fossem brincar de casinha até morrer. 

Será esse o fruto de nossas frustrações? Será apenas o vislumbre a partir de um olhar viciado? Não é frustração, não apenas isso, nem tampouco tristeza. É experiência, é anestesia, trauma recorrente. É isso: o tédio e o trauma se resumem nisso, mesmo. Repetição, insistência na cinefilia da Vida fútil.

Como alguém que já foi viciado em viver de nuvens, em rir sem parar, em amar imoderadamente, vejo a sociedade humana atual como um grande mercado de ilusões. Quem sabe, não seja por isso — pelo tédio —- que os parques de diversões pareçam, atualmente, tão estúpidos, não raro mórbidos.

(Texto publicado, originalmente, no perfil do Facebook de Ebrael.)

20180819_1109491361300047

Por Júlio [Ebrael]

Blogger, amateur writter, father of one. Originally Catholic, always Gnostic. Upwards to the Light, yet unclean. // Port.: Blogueiro, poeta amador, pai. Católico, casado. A caminho da Luz, mas sujo de lama.

Deixar um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

%d blogueiros gostam disto: