Caminho da ‘mão direita’?

Antes de mais nada, posso dizer que busco, na medida do possível, agir respeitosamente para com todos aqueles que trilham um caminho como modo de viver, seja ele de cunho espiritual, ou não. Tenho contato com pessoas adeptas das mais variadas religiões e seguidoras de sistemas diversos de pensamento.

Também é importante saber:

• quais são as diferenças entre as sendas da Esquerda e da Direita;
• que devemos estar cientes de que, dentro das fileiras desses dois polos, aparentemente opostos, há outras subdivisões;
• que os conceitos acerca do que são os caminhos (das mãos Direita e Esquerda) não equivalem, em sentido metafísico, à Direita e/ou Esquerda políticas;
• que as ideias do outro, que está ao seu lado, não precisam ser, exatamente, iguais às suas, e;
• que suas ideias sempre destoarão, em alguma medida, das ideias de um grupo.

Caminhos

As expressões que designam os caminhos nasceram no meio esotérico, em um passado relativamente recente, para distinguir as tendências das várias escolas mágicas, ocultistas e esotéricas, bem como mesmo das religiões.

Especificamente, tais expressões – Mão Direita e Mão Esquerda – referem-se aos pilares direito e esquerdo do diagrama da Árvore da Vida (em hebr., Etz Haiyim), que é uma representação simbólica do Universo.

Etz Haiyim (“Árvore da Vida”).

Mão esquerda

Na Mão Esquerda, vemos o Pilar do Rigor, em que estão relacionadas energias ligadas ao polo feminino, aquoso, negativo da Força.

Três expressões resumem esse pilar: Responsabilidade pelo Entendimento (Saturno, Binah); Justiça pelo Rigor (Marte, G’vurah), e; Esplendor da Razão (Mercúrio, Hod).

Costuma-se associar ao Caminho da Mão Esquerda religiões e correntes tidas como obscuras, com foco no elemento feminino, que lidam com as Trevas e que valorizam a magia cerimonial acima de outros recursos. Ex.: Satanismo, Magia do Caos, Quimbanda, Thelema (mesmo que xinguem, dizendo que são de Centro), Druidismo.

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Mão direita

Pelo dito acima, sabemos que a Mão Direita está associada ao Pilar da Misericórdia, que evocam energias masculinas, ígneas, positivas do espectro da Força.

Expressões que resumem o Pilar da Direita: Sabedoria e Movimento (Urano, Chokhmah); Graça e Benevolência (Júpiter, Chesed), e; Firmeza e Inspiração (Vênus, Netzach).

Ao Caminho da Mão Direita, associamos correntes ditas benevolentes, altruístas e que focam no trabalho pelos outros, pela coletividade. Menos egoísmo, mais solidariedade e proteção dos mais fracos. Diferentes dos adeptos da Esquerda, o direitista perdoa, dá, desapega-se, mas podem, também, cair em vaidade, orgulho, soberba e apatia. Ex.: Espiritismo kardecista, Umbanda, Hare Krishna, etc.

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Cristianismo, de mão direita?

Abaixo, sucintamente, tentei responder, por meio de postagem, a uma questão proposta em um grupo no Facebook, o qual trata de Hermetismo. A pergunta do forista era:

A Tradição Cristã é da ‘Mão Direita’?

Minha resposta:

É óbvio que não. Nem Budismo, nem Gnosticismo, nem Caminho algum, que prime pelo autoconhecimento do neófito, é da Mão Direita ou da Mão Esquerda. As noções subjetivas da Direita e da Esquerda são atalhos mentais que nos levam ao apego, seja à Luz aparente, seja às Trevas inertes. E apego gera sofrimento.

Não é preciso matar-se, isolar-se ou repelir o materialismo grosseiro para ser cristão, budista ou gnóstico. O Caminho da Ascensão exige, primeiramente, lucidez e disciplina; é reto e nos leva ao Meio, da periferia para o Centro.

Você pode ser lúcido sem ser volúvel; privilegiar o Espírito, sem esquecer que a saúde mental depende de saúde física, conforme o possível. Ninguém precisa experimentar cocô para saber que causa morte, ou exagerar no mel para ter certeza de que causa diarreia. Cada coisa tem um lugar adequado, no qual pode ser útil. Antes de pretendermos ser bons ou maus, deveríamos tentar ser úteis.

Caranguejo é que anda de lado, de um lado a outro. São as ondas as que batem nos extremos de uma rocha ao extremo de outra. O primeiro, carrega fezes na cabeça; as segundas, em seu efeito exterior, não passam de espuma e entulhos que vêm e vão, com a maré.