Os Eleitos


Já te disseram, alguma vez, que você é especial e foi escolhido para algum propósito na Vida? Pois bem, essa é a esperança da maioria, mesmo que ninguém tenha lhe dito.

Pode ser que você seja bem quisto por suas nobres ações, por sua presença inspiradora ou sua aparência agradável e amável. Realmente, pode ser que o que você faz tenha valor para a comunidade e que você faça a diferença.

Bem aí, o sucesso: equilíbrio entre o que você sente e os recados que o mundo lhe dá. Mas, a maioria das pessoas, dos seres viventes das cidades e campos, não vive essa fantasia, nem possui, sequer, um palco. Outras, ainda, conseguem descer mais abaixo.

Como o Coringa nos mostrou, em sua última apresentação nos cinemas, há pessoas que, não importa o que façam, tornam-se imagens detestáveis do que é ridículo e triste na sociedade. Sustentam, nos olhos, o reflexo da lucidez; pressentem a tragédia e respiram aliviadas quando a plateia não percebe.

Esses escolhidos sobrevivem para fazer prosseguir o festim cínico do Mundo, em que os outros, para disfarçarem sua própria mediocridade e seus vícios, precisam descarregar seu sarcasmo sobre seres aparentemente mais degradados e, não obstante mendicantes e fracassados, divertidos.

Essas pessoas desgraçadas a todos fazem rir, enquanto apanham caladas; soluçam enquanto dão piruetas, entre um xingamento e outro olhar de espanto; fazem caridade ao pregar que “a Vida é bela” e que “a cada dia, cabe a sua aventura”, sabendo que, para a maioria dos que lhes cercam, elas não passam de seres esquisitos. Mistério é uma palavra agradável, para elas, que lhes serve a camuflar seu mundo interior obscuro.

Esforçam-se, pois, em não morrer por dentro, nessa Terra em movimento que é nosso corpo mortal fétido, esse espantalho pintado para a palhaçada cotidiana das ruas. O bufão da Côrte sempre soube de tudo, olhando de lado e por uma cambalhota marota. Só não soube como se aposentar da Vida, remover a maquiagem e fazer o espelho se calar.

Adiante, ao fronte, soldado! Faça-nos rir, Palhaço!
Afinal, o
show tem de continuar!

Por Júlio [Ebrael]

Blogger, amateur writter, father of one. Originally Catholic, always Gnostic. Upwards to the Light, yet unclean. // Port.: Blogueiro, poeta amador, pai. Católico, casado. A caminho da Luz, mas sujo de lama.

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