Sementes de Vontade

Neste ser de multicamadas, em que cada um de nós consiste, duas instâncias se sobressaem: a Mente e o Coração, representativos de nossa Razão e de nossas Emoções, tais como Sol e Lua, os lados positivo e negativo.

Por vezes, o Sol queima e a Lua refresca; em outros momentos, o Sol aquece e salva, enquanto a Lua retém e congela. Ambos, Mente e Coração, são complementares, embora em choque.

Tudo, em nossas Vidas, se manifesta pela nossa Vontade (Intuição, Sol), ou pela contingência, quase matemática, de nossas necessidades (Instinto, Lua). A Vontade empreende voos mais altos, mas é o calcanhar que é picado (traído pelo Medo) antes do salto rumo ao Nada.

Do calcanhar ferido, vem-nos a lembrança de que somos apenas aprendizes de Ícaro, e que o Amor é paciente, antes de tudo. Ele ganha asas com o Tempo, mas não de cera. Asas de verdade são dadas àquele que sabe esperar, não de pés cruzados e olhos aflitos, mesmo diante do deserto de impossibilidades.

O Ar é invisível e, no entanto, tem peso e é leve; tem força e é suave, e circunda os quatro cantos do Mundo. Quantas mais forças existem influindo sobre os destinos do Mundo, legadas pela Providência, seja para nos disciplinar, seja para nos fortalecer!

A Vontade não gera reclames, mas abre caminhos com os olhos, colhe com os ouvidos. Qual força diretiva da Mente, combusta e em movimento pelo pulsar do Coração, a Vontade não é imperativa, mas diretiva; não exige, porquanto age e espera o resultado. Quem dá a Vida às nossas colheitas e realiza nossos intentos é, unicamente, Aquele que renova todas as coisas e recupera o que pensava-se perdido.

Ad Vitam Gaudia.