Talvez, o apego emocional a tudo que seja novidade no Mercado não seja exclusividade do brasileiro. Me causa horror que norte-americanos passem dias em filas para comprar aquela nova versão do IPhone ou que brasileiros invadam lojas, como zebus enlouquecidos, em manhãs de liquidação.
Tietagem à brasileira
Nos últimos anos, no entanto, com o sucesso das fintechs (empresas de tecnologia do setor financeiro), ou bancos digitais, vi crescer seus fan clubs, como torcidas organizadas a militarem pela reputação de seus ídolos. Tais torcidas, muitas vezes, são identificadas pela cor dos cartões de crédito que portam como crachás de sócio: roxinhos, laranjas, cinza-carbonos.
Beira ao ridículo a forma com que pessoas defendem bancos como se fossem pessoas da família, tanto quanto é ridículo que as mesmas briguem e se estapeiem para pregar em nome de políticos, de ideologias ou de clubes de futebol. Claro, o pessoal por trás dos clubs (partidos políticos, fintechs, times de futebol, etc.) devem gargalhar até chorar.
Ontem, estava eu na página institucional do banco Santander Brasil no Facebook. Antes de comentar em certa postagem, busquei ler os comentários dos usuários e observar o padrão de seu comportamento. Minhas suspeitas se confirmaram. Grande parte dos reclamantes era composta por fãs de outros bancos, os digitais. Assim como Chacrinha contava com as chacretes, os bancos têm suas banketes.
Sobre mim e o banco Santander
Sou cliente do Banco Santander há pouco mais de um ano, por conta de meu trabalho. Não tenho motivo algum para defender esta instituição como se fosse alguém da minha família, mas é preciso restituir a justa medida das coisas.
O Santander, como outros grandes bancos brasileiros, é mal visto pela forma de trabalhar ainda baseada na cultura de gestão dos anos 90. Processo e estandardização. “Cliente? Que coma em folha de bananeira e tome café sem açúcar!”.
Isto está, lentamente, mudando, mas ainda soa artificial, empurrado goela abaixo do pessoal do fronte do varejo. Cliente Van Gogh se dá mal, e pior, é apenas um cifrão de terno e sapato, nada mais.
Reclamantes e militantes
Muitos usuários arrotam reclamações como se fossem experts em rotinas administrativas, quando mal sabem a diferença entre pagamento autorizado de cartão de crédito e boleto eletrônico.
Reclamam e não sabem responder por que o fazem, quando questionados. Passam vergonha e jogam a moral dos outros usuários menos abestalhados na lata de lixo, como se fôssemos semelhantes a eles.
Por exemplo: naqueles pouco mais de dez minutos lendo os comentários anteriores ao meu, percebi a presença maciça de fãs de outros bancos (fintechs, como Banco Inter, Nubank, C6), que eu chamo de banketes digitais (para as quais os executivos do Banco Inter e C6 Bank seriam eleitos presidente e vice-presidente do Brasil, em 2022).
Me arrisco a dizer que boa parte dos reclamantes inventa (adapta, improvisa, aumenta, etc.) problemas apenas para tornar os erros de seus clubinhos bancários menos amadorísticos, como por uma “cortina de fumaça”.
Fintechs engolirão os grandes bancos?
Não acho, sinceramente, que os bancos digitais chegarão a competir por fatia significativa do Mercado (em volume de dinheiro) com os grandes bancos, como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Santander. Na verdade, acho que nem terão tempo para respirar e serão mastigados com molho inglês bem antes, principalmente pelo Bradesco (é dono do Next e tem forte presença nas operações do Inter).
Creio que ambos os frontes se ajudam, o dos bancos convencionais e o das fintechs. Aqueles investem e aportam fundos a muitas das iniciativas das fintechs que precisam de grandes fundos (como para oferecer empréstimos); fintechs servem, aos bancos tradicionais, como laboratórios, como termômetros que medem as reações da sociedade de baixa renda às inovações tecnológicas e suas demandas mais básicas (que considero ser a humanização no atendimento, acesso a crédito e isenção de taxas).
Como eu disse, sou cliente Pessoa Física do Santander, mas tenho conta em todos aqueles outros bancos. Tive e/ou tenho, senão problemas e dores de cabeça, muitas críticas e sugestões a todos eles, como tenho ao Santander.
Minhas críticas ao Banco Santander
Pode e deve, senão zerar a taxa de manutenção de conta de todos os clientes, ao menos das contas dos que movimentam até um certo limite mensal. Taxa por TED, DOC, saque, envio para o exterior? O Santander sabe que isso tudo caminha para um fim, com inevitável redução de margem de lucro.

É preciso investigar e rever essa suposta política de represamento dos recursos de socorro federal aos pequenos e médios empresários. Há denúncias graves de que o Banco Santander, aliado aos outros quatro grandes bancos do país, está, ao ser acionado pelos empresários atingidos pela pandemia, aplicando filtros de risco a um crédito que não oferece risco à instituição (pois é segurado pelo FGC, Fundo Garantidor de Crédito), privilegiando seus próprios grandes clientes corporativos (tubarões) na concessão de crédito diverso daquele liberado pelo Governo Federal.
No mais, no que toca a cartões, ao atendimento do SAC, às agências, ao funcionamento do app Way e Santander PF, jamais tive problemas com relação a estes itens.
Pessoalmente, classifico minha experiência com o Santander como boa. Nem regular, nem ótima, mas boa. Sim. Nota 7,0.