Nesta segunda-feira, encontrei material para uma boa reflexão, postado, de forma restrita, pela amiga Cida Vaz, do Facebook. De uma outra postagem de um site português, ela pergunta: E se as cidades se transformassem em pomares urbanos?
O otimismo, com tons quase bucólicos, cedeu velozmente à fria realidade, considerando estarmos sobrevivendo no Brasil. Como tudo que surge como uma boa ideia, esta, também, retorna ao normal cotidiano, tão trágico quanto cômico.
Tão logo nossas cidades se tornassem em paraísos frutíferos, com avenidas ladeadas por laranjais, pessegueiros e cachos de framboesas, saberíamos por que motivo o Brasil é atrasado (para usar um termo gentil).
- Seria criada lei (mais uma, elaborada para não ser cumprida) segundo a qual seria proibido jogar caroço de frutas no chão e urinar em árvores durante o Carnaval.
- Empresas privadas ganhariam concessão para exploração do setor de consumo público de frutas. Empresas de limpeza urbana disputariam licitação para juntar o excedente que caísse pelas calçadas no outono e inverno.
- Teríamos a Festa Nacional das Frutas, com movimento especial para as barraquinhas de aguardente feita com frutas exóticas.
- Igrejas missionárias seriam criadas sobre as árvores, dividindo espaço com bases de escoteiros, que pregariam o Evangelho aos brotos de bambu e aos beija-flores viciados em néctar.
- Exorcistas evocariam os espíritos das goiabeiras e pitangueiras contra o mal da diarreia crônica.
- Palanques seriam montados nas eleições para lançamento de campanhas que homenageassem a romãzeira como símbolo da prosperidade.
- Cerejeiras em miniatura seriam veneradas ao lado dos altares budistas, católicos e de candomblé (além dos templos japoneses).
- Segundo o manual politicamente correto, chamar alguém de goiaba, banana, bagaço de cana, mulher-melancia e/ou de cara-de-pau seria considerado racismo e levaria ao cancelamento do infrator nas redes sociais.
Conclusão: a sociedade brasileira, tão degradada quanto piegas, continuaria a mesma. As árvores (coitadas!) sentiriam o peso da fama, em vida e póstuma.