Sobre o que é importante

Há muito tempo que deixei de me importar com a maior parte das datas comemorativas, tais como a do meu aniversário, Natal, Ano Novo, etc., exceto com as que ressoam diariamente em minha Vida. Ao contrário do que nos sugere o termo inglês date (encontro), para mim datas não são compromissos, mas indicadores de quanto algo nos marca, sobre o que nos importa verdadeiramente.

Fato: nossa atenção é invocada pelas diferenças em nossas sensações. Se nos devotamos a algo, qualquer movimento sobre a superfície daquilo que amamos nos chama a velar sobre cada detalhe. Se amamos alguém, cada mínima necessidade – até mesmo uma tosse ou um gemido durante o sono daquela pessoa especial – nos deixa alertas.

Assim, é para isso que servem as datas: para marcar os checkpoints de nosso caminho que mudam toda a nossa Vida. De resto, datas (tais como as de nascimento) servem apenas para alimentar preenchimento automático de sites e currículos online.

Eu poderia ter postado ainda hoje, mais cedo, dia 25 de outubro, um domingo qualquer, que entrei no Clube dos Quarentões. Mas, eu sabia que a maioria dos comentários, aqui, consistiria de felicitações polidas, quase compulsórias, sem nenhum valor real para aquelas pessoas, tão insignificantes que, não raro após segundos, somem como fumaça na mente das pessoas. No círculo mais íntimo, algumas poucas almas, a contar nos dedos de apenas uma mão, enviaram duas ou três linhas previsíveis com votos. Fica bem, ou então o fatídico Feliz Aniversário.

Aniversários (de nascimento, de casamento, de admissão em uma empresa, etc.) devem ser comemorados ao redor de uma mesa com, no máximo, quatro assentos. Simples assim. Para que as datas deixem de representar compromissos comerciais ou simples política de boa vizinhança, precisamos ser sinceros conosco mesmos. Afinal, o que é importante para nós?

A mim, me basta ser lembrado pelo que eu sou e pelo que causei, de bom ou ruim, na vida das pessoas que me importam: minha mãe, meu pai, meu filho e minha esposa. É suficiente que o que eu disse ou fiz de bom reverbere nas ações das pessoas, por mínimas que estas sejam.

Se, por acaso, o que liga essas almas – refrigérios de minha própria Alma – à minha pessoa não passasse de um dever social ou um detalhe na Certidão de Nascimento, então tais memórias se resumiriam a uma agenda desprovida de sentido, meros nexos causais sem desdobramentos.

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