O Mistério de Avôhai


O assunto desse domingo, sem mais ninguém pra pegar no pé, é sobre uma de minhas dúvidas antigas. Dúvida cabalística, pra variar! Esse vosso blogueiro meio doido, meio infantil, este que vos fala, alquimista desastrado e manipulador de teorias mal buriladas, resolveu fazer marcação cerrada ao Zé Ramalho. Mas, por quê ao Zé Ramalho?

Liberdade, a Guardiã do Dever.


Hoje em dia, um grande número de pessoas, e temo que no futuro venha a ser a maioria, pensa e acredita, que Liberdade seja sinônimo de libertinagem. Esses querem, sim, a anarquia!! Na década de 70 e 80, quando virou modinha os círculos e grupos que diziam “estudar” os escritos de Aleister Crowley, muitas pessoas começaram a interpretar de forma bizarra um de seus mais famosos adágios:

Faze o que tu queres, pois há de ser tudo da Lei.
Fazer o que eu quero significa realizar minha Vontade Verdadeira, a vontade que está pulsando no íntimo do meu ser: cumprir meu próprio destino, sem me deter pelas circunstâncias. Esse destino, a cada qual, é dado a conhecer ao longo da vida, ora em pequenas doses homeopáticas, ora de uma vez só, como foi a Einstein.
Fazer o que eu quero não significa fazer a outrem o que eu não gostaria que me fizessem. Assim, eu só mataria alguém se eu tivesse instinto suicida ou desejasse que alguém me matasse também. Fazer o que eu quero, realmente, denota uma supraconsciência sobre o dever de cumprirmos e levarmos a bom termo nossas habilidades, em prol da humanidade. Faço a outros o que desejo que me façam, pois o mesmo ar que me anima os pulmões é o mesmo que faz queimar o fogo que me aquece, que percorre os respiradores artificiais nas UTIs. É exatamente o mesmo ar que inspiro que é constituído por 21 % de oxigênio e que é essencial a Vida de todos. O ar que percorre algo que eu matasse, entraria em minhas narinas com odor de morte!!
Em um post de outro blog meu, chamado Stella Matutina, cito umas das frases que mais me tocaram na vida, e que me trouxeram um pouquinho de Luz, constante de um dos livros de Eliphas Levi:
A liberdade não é a licença (libertinagem), pois a licença é a tirania.
A liberdade é a guarda do dever, porque revindica o direito.

Só se pode reinvindicar qualquer direito, quando se cumpre o dever. Cumprir o dever é reinvindicar sua liberdade, protegendo a liberdade do próximo. Só podemos ser livres se guardamos a liberdade do outro, pois cumprindo com o que nos compete, teremos direito de exigir a mesma coisa dos semelhantes. Faz o que tu queres, cumpre o dever, sem se deter em nada, pois assim é encima como é embaixo, e dessa forma, tudo há de ser conforme a Lei.

Vejo multidões, vizinhos, empregados, ladrões, criminosos, políticos agirem, alegando ser de sua alçada, alegando ser de sua liberdade, reinvindicando coisas pelas quais não fizeram nada para merecer, roubando e se apossando do que não viram nascer, pelo que não trabalharam para fazer crescer. Vejo vândalos quebrando pelo que não pagaram (a maioria não trabalha e, assim, não paga impostos). Se pagassem por aquilo que agora quebram, não teriam tempo para quebrar nada. A Liberdade não é fazer tudo que desejamos, mas desejar livremente realizar tudo que devemos fazer. É saber, e procurar saber mais, sem preconceitos, sem interferências, qual o caminho para a nossa felicidade verdadeira.
Ser livre é não ter amarras. Ser livre é não se deixar levar pela multidão, pelo ódio cego, pela fé irrefletida, pelas crenças não-fundamentadas pela Consciência. Ser livre é navegar um barco à vela, escolhendo o vento que nos guiará, escolher a ilha em que aportaremos. Ser livre significa renegar a escravidão pelas circunstâncias, não responder pelos erros alheios, não carregar os méritos alheios, é levar somente o que é nosso. É ser como Yeshua (Jesus): abraçar a cruz, seu destino escolhido, sem ressentimentos, livremente. Mas nem tudo é cruz na vida, e nem todo jardim é feito com rosas…

Stella Matutina


O anjo da liberdade nasceu antes da aurora do primeiro dia, antes do próprio despertar da inteligência, e Deus a chamou de Estrela da Manhã..

“Gloria, pois ao Pai que sepultou o exército de Faraó no Mar Vermelho!
Glória ao Filho que rasgou o véu do templo e cuja pesadíssima cruz, posta sobre a coroa dos césares lançou por terra a fronte dos césares!
Glória ao Espírito Santo, que deve varrer da Terra com seu sopro terrível todos os ladrões e todos os algozes, para dar lugar ao banquete dos filhos de Deus!
Glória ao Espírito Santo, que prometeu a conquista da Terra e do Céu ao anjo da liberdade.”

O anjo da liberdade nasceu antes da aurora do primeiro dia, antes do próprio despertar da inteligência, e Deus a chamou de Estrela da Manhã.
Ó Lúcifer! Tu te separaste voluntária e desdenhosamente do céu onde o sol de afogava em sua claridade, para sugar com teus próprios raios os campos incultos da noite.

Tu brilhas quando o sol se deita, e teu olhar cintilante precede o despertar do dia.
Tu cais para subir de novo; experimenta a morte para melhor conhecer a vida.
Tu és a gloria dos antigos do mundo, a estrela da tarde para a verdade, a bela Estrela da Manhã.
A liberdade não é a licença; pois a licença é a tirania.
A liberdade é a guarda do dever, porque revindica o direito.
Lúcifer de quem as idades de treva fizeram o gênio do mal, será verdadeiramente o anjo da Luz, quando tendo conquistado a liberdade a preço de reprovação, fazer uso dela para se submeter à ordem eterna, inaugurando assim a glória da obediência voluntária.
O direito é somente a raiz do dever, é preciso, pois para dar.
Ora, eis como uma alta e profunda poesia explica a queda dos anjos.
Deus dera aos espíritos a luz e a vida, depois disse-lhes: -Amai.
Que é amar? Responderam os espíritos.
Amar é dar-se aos outros, respondeu Deus, Os que amarem, sofrerão, mas serão amados.
-Temos o direito de nada darmos e nada querermos sofrer, disseram os espíritos inimigos do amor.
Ficai no vosso direito, respondeu Deus, e separemo-nos. Eu e os meus queremos sofrer e até morrer para amar. É nosso dever!
O anjo decaído é, pois aquele, que desde o princípio recusou amar; ele não ama e é todo o seu suplico; ele não dá, e é sua miséria; ele não sofre, e é seu vazio; ele não morre e é o seu exílio.
O anjo decaído não é Lúcifer, o portador da  Luz; é Satã, o profanador do amor.
Ser rico é dar; nada dar é ser pobre; viver é amar, nada mar é ser morto; ser feliz é devotar-se; existir só para si é reprovar a si próprio e se enclausurar no inferno.

 

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 Fonte: http://www.pistissophiah.org/a_estrela_manha.htm

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