As questões do Paradoxo de Epicuro, filósofo grego, propõem análise do problema do Mal e da suposição da existência de “Deus”. Foram muito debatidas por teólogos e ateus em muitas épocas. É sobre elas que faço alguns apontamentos a seguir.
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Anotações sobrenaturais
Após um período de salutar jejum, afastado que estive das publicações, resolvi tecer alguns comentários sobre minha reaproximação da Igreja e da espiritualidade Cristã.
O que (ou quem) é Deus?
Nesta postagem, tentarei expor minha visão sobre o que vem a ser Deus, o Bem, o Mal e suas implicações diversas na percepção humana. Obviamente, o tema merece um ensaio próprio. Mas, penso que, por ora, este texto será suficiente para tecermos algumas considerações importantes. Antes de tudo, quero esclarecer que não pretendo discutir noções teológicas concretas, mas tão-somente lidar com conceitos abstratos, embora estes necessitem, sempre que possível, ser expostos à luz da experiência humana.
O segredo do perdão
Tema recorrente? Sim, bem recorrente! Mas, como não voltar a ele, vivendo o mundo no caos e na matança, mental e física?
A palavra perdão vem do verbo latino perdonare, que quer dizer “dar completamente”. Ora, dar completamente implica em não reter nada, em dar tudo. Perdoar não é devolver o espólio, pagar na mesma moeda. Perdoar é dar o que retemos do outro, ou seja, devolver o que temos em nossas mãos contra o outro, para ser queimado e destruído na fogueira do Amor e da Fraternidade, terminando com a suprema reconciliação com o outro e com todo o Universo.
Mas, como poderíamos deixar de reter algo do que o outro nos fez de mal, sendo que a memória da ofensa se impregna em nós como cânceres, e em nossa pele como marca a ferro?? Suprimindo a memória?? Impossível! Uma pessoa sem memória não tem condições de aprender com seus erros e acertos, derrotas e vitórias, enfim, não tem discernimento.
Aprendamos com Jesus, o Nazareno, que é Mestre do Perdão, ele que é a própria Misericórdia encarnada. Jesus defendeu a adúltera não porque abonasse o adultério ou fosse um fraco na moral. Ele defendeu a adúltera porque achava que o que devia ser apedrejado era o pecado, não a pecadora.
Ora, as pessoas podem ser escravas do pecado, mas nunca seus autores, seus criadores. As pessoas cedem ao pecado ao deixarem de ouvir a Razão, que é a Luz de Deus, refletida em seus mandamentos e nos ritmos e ciclos da Natureza. Deus nos criou não para que pequemos ou caiamos, mas ainda menos para sermos mortos como escravos do pecado, enquanto o Autor do Pecado, o Inimigo da Natureza e do Amor, continua em sua caçada humana, ávido por desgraças e buscando a morte dos que foram criados para o Amor, a saber os seres da Criação de Deus, inclusive nós mesmos.
Não confundamos o erro com aqueles que erram; não confundamos nossos irmãos que nos fazem mal com o próprio Mal. Não coloquemos na mesma panela o Pecado e o pecador, juntos, como se ambos fossem maus desde sempre! As pessoas nascem boas, simples e ignorantes. Na sua inocência e inexperiência, no apetite da vida, ao afastarem-se da Razão, pecam e caem em loucura.
Se amarmos, de verdade, as pessoas, saberemos ver nelas apenas suas fraquezas, mas não o Mal personificado nelas. Devemos repelir o pecado, mas o pecador deve ser tratado com paciência e Amor, deve ser insuflado de palavras de confiança e entusiasmo, de fé e esperança, pois o que subjaz a essas atitudes é, unicamente, o Amor.
Está aí o segredo de Jesus para perdoar! Não é nada sobrenatural, assim como os outros “sinais” que operou Jesus. É questão de mudança de paradigmas, de ângulos e pontos de vista! É questão de termos boa-vontade, de sabermos se somos mesmos movidos pelo Amor ou pelo espírito da discórdia e do Acusador, que só busca a Ira e a Vingança.
Como dizia um verso de uma canção em italiano intitulada Due, regravada por Renato Russo:
Se è amore / amore vedrai / di un amore vivrai.
Se for amor, verás amor, de um amor viverás…