Tudo que eu amei


Esta semana, me emocionei ao reler um dos poemas mais tocantes de Edgar Allan Poe, Alone (“Sozinho”). Este, ao lado de A Dream within a Dream (“Sonho dentro de um Sonho”), figura como uma das mais sinceras e apropriadas manifestações humanas de um escritor adulto.

É com a primeira metade desta joia de inspiração que me despeço de todos os caminhantes que me acompanharam ao longo desta aventura terrestre. 🙂

Em meio aos Girassóis


— Bom dia, Sol! – diz certa flor
Ao seu provedor iluminado,
Com olhos ao Céu tornado,
Pintado à mão, em única cor.

– Enquanto move-me o teu calor,
Meu Rei-Sol, és informado
De quão natural é este Amor
Por meu Senhor e meu amado.

A Noite Escura da Alma


Simplesmente, um dos poemas mais lindos e perfeitos que já li! Saboreiem!

***

São João da Cruz, Doutor da Igreja.

A Noite Escura da Alma (em espanhol, La Noche Oscura del Alma) é um poema do escritor e místico espanhol São João da Cruz, datado do séc. XVI, que daria origem a um livro, em dois volumes, com comentários do Autor sobre o dito poema. Trata da jornada épica da Alma (a “amada”) em busca da união com seu (e nosso!) Criador (o “Amado”). A “noite” é escura, pois há muitas dificuldades em encontrar um caminho seguro dentre tantos apegos e amarras (armadilhas) com que a Alma, deveras, se depara.

Falar, comentar, divagar sobre o poema são expedientes desnecessários diante de uma construção literária ímpar, seja pela beleza, pelo estilo, ou seja pelo conteúdo absolutamente espetacular. Não foi à toa que João da Cruz, contemporâneo de Santa Teresa d’Ávila (autora do Livro das Moradas ou Castelo Interior), fora canonizado (declarado como tendo morrido em “odor de santidade”, ou seja, com alma santa).

Sem mais, as oito estrofes deste lindo edifício de inspiração:

Prefiro os Sonetos


Em resposta às palavras de incentivo de uma Amiga Verdadeira, em mensagem no Facebook, resolvi escrever esse poema, declamando os motivos de minha preferência pelos Sonetos, através de um poema que não é um soneto, por sinal.

 

Prefiro os Sonetos


Sempre preferi os sonetos
Por motivos cabalísticos:
Duas quadras para o físico
e dois tercetos para o espírito.

As quadras trazem a atração e as boas-vindas
Ao nosso olhar, e os tercetos…
Bem, os tercetos se dirigem ao Coração,
Alvo e fim último das estrofes sentimentais,
No desfecho de uma conquista meticulosa.

Os poemetos me são caros,
Pela simplicidade.
Mas, são os sonetos que me levam ao êxtase,
Pois que coadunam a carne e a alma,
Conjugam verbo e cavidades,
Unem os ângulos retos e os fazem retorcer-se
Em triângulos poéticos.

O soneto é o filho perfeito do casamento
Entre a rigidez métrica e o espírito da surpresa.
Quanto mais não me surpreendo,
Sonetos lendo,
Assim que me abro
À Pedra Angular do Quatro,
E me transcendo
Ao gran finale, por um comentário,
Uma lembrança muda,
Que ao concluir,
Ao Amor aluda.

Prefiro os sonetos, sim,
Imiscuo-me à Quadra e ao Terno;
Mas, dê-me pena e papel,
E lhe faço dos números todos
Uma Antologia completa.

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